Valentina para além do erotismo

Valentina para além do erotismo

É por essas e outras que acredito que a temática de Valentina vá muito além da diversão onanista. O erotismo em Valentina serve como plataforma para, além de proporcionar prazer visual, permitir que o leitor se reconheça como ser passível de dor e desejo. Ou seja, que se aceite como ser humano falível e imperfeito. A câmera da fotógrafa Valentina está constantemente voltada para o leitor, que se enxerga na lente como se estivesse diante do espelho. Apesar de toda a carga psicológica presente no gibi, o alvo principal da análise não é a protagonista, mas aquele que está do outro lado da quarta parede. Adentrar o mundo de Valentina é uma viagem de autoconhecimento. A percepção das próprias reações ao que é mostrado podem ser mais úteis que uma sessão de terapia. E não há motivos para que nossas perversões sejam reprimidas. Valentina, como se vê pelo seu semblante sempre sereno e complacente, não está aqui para julgar, muito pelo contrário.

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Os Campeões: Heróis que merecem o ostracismo

Os Campeões: Heróis que merecem o ostracismo

Homem de Gelo. Anjo. Viúva Negra. Motoqueiro Fantasma. Hércules. Difícil de acreditar, mas este cinco personagens já formaram um supergrupo. E sim, tiveram uma revista regular, com duração curtíssima (17 edições). Foi uma aposta da Marvel numa época em que a Casa das Ideias estava atirando para tudo quanto é lado: lançaram gibi do Kull, dos Invasores, dos Inumanos. E – no que se refere ao supergrupo objeto desta análise – deu tudo muito errado.

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Melhores leituras de 2019 #01 - Marcos Maciel de Almeida

Melhores leituras de 2019 #01 - Marcos Maciel de Almeida

Ano passado mencionei que “da quantidade se extrai a qualidade”. Acontece que quebrei a cara. Esse ano consegui ler um número razoável de gibis, mas – feito o filtro final de leituras – notei que a lista definitiva não estava tão empolgante quanto esperava. Na verdade foi um esforço conseguir escolher as edições que merecessem figurar no meu Top 10 de 2019. Nem sei dizer o que isso significa direito. Talvez tenha me tornado mais exigente ou não esteja procurando no lugar certo. Outra possibilidade – será? – é que the thrill may have been gone from me. Espero que não. Seja como for, as publicações a seguir – sem nenhuma ordem de preferência – foram aquelas que conseguiram sacudir meu esqueleto num ano em que tive de garimpar muito para encontrar escassas pepitas.

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Lucca Comics: cinco dias alucinantes

Lucca Comics: cinco dias alucinantes

O festival Lucca Comics and Games (LCG) é considerado o maior evento dedicado a quadrinhos da Itália. Não é para menos. Todos os anos a cidade de Lucca, localizada na região da Toscana, atrai cerca de 250 mil visitantes (quase o triplo da população local) ávidos para conhecer e consumir fumetti, games, RPG, bonecos, fantasias e itens correlatos. Os cosplayers também são uma atração à parte. É praticamente impossível não esbarrar com pessoas uniformizadas com roupas caras, desconfortáveis, criativas ou simplesmente ridículas.

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Paralelas: Império x Imperdoável

Paralelas: Império x Imperdoável

O objetivo da seção Paralelas é tecer comparações entre dois gibis. A ligação entre ambos pode ser de qualquer tipo ou natureza. Pode, inclusive, não ter relação nenhuma. Se o raiuka (apelido carinhoso para os escribas da Raio Laser) da vez quiser falar sobre Luluzinha junto com Corto Maltese, por exemplo, não será admoestado pelos coleguinhas. Bem, para a coluna de hoje escolhi dois títulos que sempre tive grande curiosidade de ler: Império (Mythos, 2017) e Imperdoável (Devir, 2018), ambas do argumentista Mark Waid. O ponto de contato entre as publicações é o twist dado pelo autor nas clássicas histórias de super-heróis. Em Império temos uma realidade em que o vilão venceu. Já em Imperdoável encontramos um mundo no qual o Superman local perdeu as estribeiras e passou para o lado dos malvados. Quais seriam as semelhanças e diferenças entre as tramas? Será que as temáticas escolhidas têm fôlego para segurar o formato minissérie/série mensal? E, mais importante que isso, será que alguém ainda se importa com gibis de superheróis?

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Paralelas: Inuyashiki x Parasyte

Paralelas: Inuyashiki x Parasyte

A ideia desta nova seção é comparar obras que podem ter passado despercebidas pelo grande público. Especialmente porque – dado o atual cenário do mercado brasileiro de gibis, caracterizado por uma enxurrada de títulos nas bancas e livrarias – nem sempre é possível acompanhar tudo que está acontecendo, seja por falta de grana, tempo ou especialmente porque a revista em questão desapareceu sem deixar maiores vestígios. Os títulos escolhidos podem ou não ter pertinência temática. Serão de qualquer tipo, lugar ou época. O escriba Raio Laser da vez é quem definirá qual será a relação entre as obras.

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Bilal: desenhista solteiro à procura de escritor desimpedido

Bilal: desenhista solteiro à procura de escritor desimpedido

A coisa muda de figura quando Bilal está acompanhado por outros escritores. É inegável que a qualidade de sua obra aumenta substancialmente quando divide o trabalho. Talvez isso ocorra porque seus parceiros de aventura sejam mais hábeis em filtrar e transmitir os pensamentos que habitam a mente do velho mestre. Peguemos, por exemplo, o Exterminador 17 (1979), feito com o também francês Jean-Pierre Dionnet. A saga do androide que, ao parar de funcionar, recebe uma alma humana transmigrada, é rica em existencialismo – tema favorito de Bilal – e contada de uma maneira sublime, de uma forma mais sofisticada que nas obras do desenhista quando em carreira solo.

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