Imperdoável: Quando o Super-Homem roda a baiana

Imperdoável: Quando o Super-Homem roda a baiana

por Marcos Maciel de Almeida

Uns dois anos atrás eu fiz uma comparação, na seção “Paralelas”, entre Imperdoável e Império, dois gibis do gênero super-herói escritos por Mark Waid. Tendo lido apenas os oito primeiros números de Imperdoável, decidir terminar a saga inteira esses dias (são trinta e sete edições) e acho que ainda tenho uma ou duas palavrinhas para dizer sobre essa história, que especula os acontecimentos de uma Terra em que o Super-Homem local perde as estribeiras e se torna inimigo público número um.

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Os super-heróis e sua essência: uma discussão válida ou uma falsa ideia conceitual?

Os super-heróis e sua essência: uma discussão válida ou uma falsa ideia conceitual?

Esses dias, novamente participei de um debate sobre um velho assunto: super-Heróis. Realmente era mais um daqueles debates homéricos e cheios de argumentos sofisticados da parte dos debatedores, quando um amigo postou uma crítica de um especialista sobre o segundo e o terceiro filme do Capitão América, Soldado Invernal e Guerra Civil, respectivamente.

O autor da crítica fez comparações dos filmes aqui citados com outros filmes de super-heróis recentes, mais especificamente, a trilogia do Batman, de Christopher Nolan, X-Men: First Class, Homem de Aço, de Zack Snyder, Batman vs Superman, Liga da Justiça, Vingadores, tanto o Guerra Infinita quanto Ultimato, entre outros.

Muito já se falou sobre todos esses filmes, hoje já canônicos no que concerne ao gênero no cinema, e não quero me deter muito nos mesmos. Vamos dizer, entretanto, que a discussão se resumiu à premissa de que os super-heróis de todos esses filmes fazem parte, mais ou menos, de uma onda realista de representação do arquétipo “super-herói”, um olhar no qual estaria expressada a complexidade de nosso mundo e no qual os temas abordados nos filmes não mais se apegariam ao binômio maniqueísta do bem contra o mal, tão tradicionais desse gênero narrativo.

Vamos dizer que, apesar de ainda existir a típica luta do bem contra o mal e todos os filmes de super-heróis mais recentes, as coisas seriam menos "preto no branco" do que parecem ser à primeira vista. Pois bem, já escrevi algo a respeito e tenho uma opinião muito pessoal de que nós, seres do mundo contemporâneo, apenas acreditamos que não somos mais tão maniqueístas assim, uma crença muitas vezes carente de conteúdo em minha opinião. Mas não quero me demorar nesse ponto, até porque eu sairia do debate aqui apresentado.

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Foda-se a live! Denny O’Neil está morto!

Foda-se a live! Denny O’Neil está morto!

Denny O’Neil deixa um grande legado, que se estende até o cinema de super-heróis. Lembro de brigar com um colega de classe em 1989 pois este não queria ver o filme do Batman e achava que era coisa de criança. A sombra colorida do Batman de Adam West tinha muita força nos anos 80, e nada é mais humilhante pra uma criança do que ser chamada de criança. No outro dia lembro de ter levado um gibi do Batman da Abril pra mostrar pra esse colega. Era uma edição escrita por O’Neil e com arte do Neil Adams. Não me recordo a história, mas me lembro claramente da cara desse meu colega quando viu que podia gostar de Batman agora que não era mais coisa de criança. Mas esta nem é a questão. Enquanto termino esse texto o celular continua vibrando. Um dos meus amigos é informado que precisa participar agora de uma live na internet. A resposta não poderia atestar de forma mais clara a perda que O’Neil representa para quem gosta de gibi: “Foda-se a live! Denny O’Neil está morto.”

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PARALELAS: GRANDE DEPRESSÃO - UM CONTRATO COM DEUS X KINGS IN DISGUISE

PARALELAS: GRANDE DEPRESSÃO - UM CONTRATO COM DEUS X KINGS IN DISGUISE

Sendo um derivado do outro (Kings in Disguise parece ter sido “despertado”, enquanto HQ, pelo potencial das graphic novels de Will Eisner), estes quadrinhos estão amarrados pelo seu contexto temático: Eisner deixa a Depressão como pano de fundo para examinar dramas humanos que seriam fantasmas de seu passado. É pessoal e mais impressionista, apesar da influência do neorrealismo cinematográfico, mas seu discurso político vai se arraigar nas entrelinhas. Kings in Disguise, por sua vez, é motivado por uma inspiração explicitamente política. James Vance era um dramaturgo de esquerda, e os signos de seu quadrinho (filmes, fábricas, revistas, cartazes de Hoover, etc.) podem ser mapeados em direção a um discurso social mais estruturado. Mesmo concluindo com estranho misto de amargor e esperança, Vance não deixa de subscrever algum tipo de tese, algum tipo de teoria social em seu longo romance gráfico.

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Paciência: uma viagem cósmica rumo ao amor eterno ou à obsessão?

Paciência: uma viagem cósmica rumo ao amor eterno ou à obsessão?

Exímio artista gráfico – conforme já havia me convencido em Wilson (Cia das Letras, 2012) e Eightball (Fantagraphics, 2015) – Clowes está ainda mais explosivo nesse quadrinho, com cores vibrantes, ângulos instigantes e estouros de violência. Em alguns momentos, ponderei se estava diante de um quadrinho frenético de terror, cheio de drama e suspense.

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X-Táticos, de Milligan e Allred: pop art imprevisível e mutante

X-Táticos, de Milligan e Allred: pop art imprevisível e mutante

Entramos nos anos 2000 aproveitando as benesses e também os ocasos da tecnologia: muitos de nós usando telefones celulares, acessando a internet e trocando mensagens e conteúdo via e-mail. Mas também experimentando o início do controle cibernético, uma maior falta de tempo, relacionamentos anteriormente presenciais e hoje em dia mais líquidos, distantes fisicamente e em algumas vezes, afetivamente. Muitos conceitos estavam sendo modificados na sociedade nesse período, e por que não rever o conceito de mutantes também? Afinal, titio Stan Lee e vários outros roteiristas e artistas tanto na Marvel como na DC nos ensinaram que os super-heróis eram um reflexo do que estava acontecendo no mundo exterior. E foi aí que surgiram, rejeitando a cronologia e o politicamente correto, os X-Táticos de Peter Milligan e Michael Allred. E quem irá dizer que não é ousadia assumir um título X introduzindo um grupo de personagens 100% desconhecidos e esquisitos?

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Quatro vezes John Romita Jr.

Quatro vezes John Romita Jr.

Nem eu nem os amigos que assinam os textos abaixo estaremos na CCXP 2018, super evento de cultura pop em São Paulo que, entre 6 e 9 de dezembro, recebe como convidados uma série de artistas, brasileiros e estrangeiros, para sessões de autógrafo, lançamentos, palestras, etc. e tal. Estivéssemos lá, o entusiasmo maior, com certeza, seria sobre a presença do desenhista americano John Romita Jr. Falo por mim, mas sei que falo também pelos comparsas de Raio Laser, que Romitinha está em nossa lista de ilustradores de quadrinhos favoritos. Sendo assim, seria sensacional poder encontrá-lo e pegar um autógrafo (um sketch, quem sabe), fazer uma foto e trocar meia dúzia de palavras para agradecê-lo pelas milhares de páginas produzidas ao longo dessas décadas todas.
Mas, qual revista autografar? Uma edição de X-Men, em formatinho, de quando Romita Jr. fazia as histórias dos mutantes tendo Magneto como líder? Ou uma Super Aventuras Marvel, com alguma história do Demolidor escrita por Ann Nocenti? Ou a edição especial Grandes Heróis Marvel - n° 50 (também em formatinho), que compila “Justiceiro - O Homem da Máfia”, com a versão parrudíssima do personagem? Quem sabe então a minissérie Homem Sem Medo, em parceria com Frank Miller (e arte final do monstro Al Williamson)? Ou talvez a one-shot Corações Negros, estrelando Motoqueiro Fantasma, Wolverine & Justiceiro?

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